O primeiro dia do Congresso do Fisco Paranaense foi encerrado com a mesa de debate dedicada aos impactos e desafios da Reforma Tributária, com foco especial na educação fiscal e no fortalecimento das administrações tributárias. A discussão reuniu três especialistas com ampla atuação na área: Camilla Cavalcanti, Diretora da Seta Public Affairs Solutions; Adriana da Costa Ricardo Schier, advogada e consultora; e Jane Carmen, secretária executiva da Receita da Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Norte.
Camilla Cavalcanti apresentou panorama detalhado da reforma, com as principais mudanças trazidas pela criação de um IVA dual, composto pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e pela Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS), além do novo Imposto Seletivo.
A especialista explicou que a implementação do novo modelo será realizada de forma gradual, com uma fase de testes em 2026, transição parcial entre 2027 e 2032, e plena aplicação a partir de 2033. Camilla também ressaltou os regimes específicos e diferenciados, os mecanismos de cashback para populações de baixa renda, e os ganhos para empresas do Simples Nacional, como o fim da substituição tributária (ST) e do diferencial de alíquotas (DIFAL).
Outro destaque foi a criação de fundos de compensação e desenvolvimento regional, além de aspectos técnicos do novo sistema, como não cumulatividade, legislação uniforme e devolução rápida de créditos.
Adriana Schier aprofundou a discussão sobre os impactos da reforma nas Administrações Tributárias (ATs). Segundo ela, a reforma exige um redesenho das estruturas fiscais, com a valorização da carreira de Auditor Fiscal e a concessão de autonomia técnica, administrativa e orçamentária às ATs.
A consultora defendeu que a Administração Tributária deve ser tratada como uma instituição de Estado, com prerrogativas, garantias e responsabilidades bem definidas em lei orgânica. Adriana também alertou para o baixo número de municípios com estrutura de AT organizada, cerca de apenas 10%, o que exigirá maior atuação dos Estados durante a transição do sistema.
A Secretária Executiva Jane Carmen reforçou o papel estratégico da Educação Fiscal (EF) no sucesso da reforma. Ela destacou que o cidadão precisa entender o papel do Auditor Fiscal como responsável pela arrecadação que sustenta serviços públicos essenciais.
Jane defendeu o uso do cashback como instrumento educativo, especialmente para populações de baixa renda, e alertou sobre a necessidade de modernização das ATs com investimentos em tecnologia da informação e capacitação em novas ferramentas, como inteligência artificial.
Outro ponto levantado foi o impacto do novo sistema sobre as carreiras atuais, com possível aumento de aposentadorias e necessidade de incentivos à permanência e qualificação dos servidores. Jane também abordou o risco de aumento no contencioso tributário e a persistência da sonegação, ressaltando que, mesmo com tecnologia, o trabalho do Auditor continua essencial.
A mesa encerrou os debates do dia reforçando a importância de uma transição bem conduzida e com ampla participação dos entes federativos. Os especialistas foram unânimes ao defender que a educação fiscal será decisiva para o êxito da reforma, tanto na mudança cultural quanto na consolidação de um sistema tributário mais justo, eficiente e transparente.
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